Thor e Loki #25


Loki seguiu para dentro do quarto, a casa aparentemente vazia, ele deveria ter saído para algum lugar, e esperou que fosse um mercado ou padaria, mas provavelmente era, sabia que ele não se encontrava mais com a humana de antigamente, até porque ele era correto demais para deixar o irmão esperando um filho em casa e ir atrás de outra. Colocou sobre o móvel o pequeno vasinho transparente e dentro dele a última rosa que restara no jardim, com seu caule enterrado num pouco de neve.

O loiro entrou em casa, sentindo a ponta do nariz fria a respiração aparente feito fumaça. Levava uma bandeja de papel com os copos estampados com emblema da cafeteira conhecida. Croissants e torta holendesa. Deixou-os no balcão e tirou o casaco que vestia, permanecendo somente com a camisa verde claro e apagado. Ajeitou os cabelos com o elástico e seguiu pela casa já procurando o outro.
- Loki?

o moreno ouviu a voz vinda da outra sala e virou-se, abrindo a porta do quarto e o observou ali, abrindo um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.
- Thor.

Thor sorriu tal como o moreno.
- Trouxe seu café da manhã, ou da tarde.

- Ah, o café. Hoje não senti fome...
- E agora você quer?
- Quero.
- O que você quer comer? Trouxe torta doce e croissant. Estão fresquinhos.
- Hum...Torta. - Sorriu.
- Está parecendo uma formiga. - Thor sorriu novamente e caminhou até ele, cumprimentando-o com um toque suave nos lábios. - Boa tarde.
Loki retribuiu o beijo e abraçou-o, com dificuldade pela barriga.
- Boa tarde.

Thor riu diante do espaço que ganhou entre ambos e optou por virá-lo de lado.
- Dormiu pesado hoje.

- É... Está nevando, eu adoro sentir o friozinho.
- Hum, claro que gosta, meu cubinho de gelo.
O moreno sorriu, diria a ele o quanto gostou do apelido, mas pareceria muito ridículo falando aquilo e manteve-se em silencio.
- Ele está me incomodando um pouco hoje...

- Já está querendo sair. Ou ele quer torta. - Thor sorriu num riso silencioso.
- Espero que queira sair.
- Logo logo. - O loiro deslizou a mão sob sua barriga crescida.
- É...
- Quer comer?
- Uhum.
- Então se sente. Trouxe mochaccino pra você.
Loki assentiu e sentou-se no local, pegando o café. Thor pegou do pacote a torta, de onde fatiou um pedaço e sobre o pratinho de porcelana serviu o doce, conjunto de uma colherzinha de sobremesa. O menor experimentou o café e logo a torta, comendo um pequeno pedaço.
- Gostoso? - O loiro indagou e afagou seus cabelos negros e compridos.
Loki assentiu e comeu mais um pedaço. Thor sorriu e beijou-o no topo da cabeça, sentou-se com ele, comendo no entanto o salgado. O moreno sorriu e bebeu pouco mais do café.
- Gostoso.

- Uhum. - Beijou-o no pescoço. - Sinto falta de você, Loki.
O moreno suspirou e desviou o olhar a ele, sorrindo.
- Sente?

- Demais. A noite fico olhando você dormir e é horrível só achar.
- Me toco no banho vez ou outra pensando em você... - Loki falou baixo, engolindo o orgulho.
Thor elevou ambas as sobrancelhas mutuamente.
- Uou, isso foi inesperado.

O moreno sorriu e bebeu mais um gole do café.
- Sentiu a pontada aí em baixo, foi?

- Não tem como, está sempre com pontadas.
- Assim que ele nascer... Vamos fazer a noite toda. - Riu.
- Outro comentário inesperado.
Loki sorriu e mordeu o lábio inferior, puxando-o para si e beijou na face, murmurando próximo do ouvido dele.
- Você vai me foder a noite toda.

Thor afastou-se logo abruptamente após o comentário, sentindo o arrepio até mesmo na face e fitou o moreno.
- Você está bem, Loki? Não me provoque.

- Não estou bem... Tenho mais sangue no corpo, fico excitado só de olhar você na maioria das vezes.
- É mesmo? Então me sinto como um grávido mesmo não estando sempre que olho você.
O moreno riu e segurou a mão dele, entrelaçando os dedos aos do outro e suspirou.
- Gosto tanto de provocar você, principalmente quando não pode fazer nada. Está duro, hum?

- Ah, que filho da mãe. 
Thor resmungou e encostou-se ao outro, demonstrando o corpo necessitado de tê-lo.

- Hum... - Loki sorriu a ele e mordeu o lábio inferior, porém apertou-o na mão, mesmo ainda com o sorriso nos lábios e fechou os olhos. - Então é melhor ficar mole de novo... Acho melhor chamar um médico.
- Ah? Por que?
- Vou ter o bebê...
- AH? Como sabe?
- Está doendo... Bastante. - Loki apertou-o ainda mais na mão.
- Mas... O que eu faço? Não sei o que fazer! - Thor exclamou, sem altura.
O moreno riu baixinho.
- Sh... Relaxa. Respira. Só ligue pro número que eu anotei na agenda ao lado do telefone.

- E é o que?
Thor ditou a buscar o aparelho, fuçando na configuração até achar a agenda e o único número marcado.

- É o médico que fez meus exames, ele disse que faria o parto aqui para não termos que ir ao hospital.
O loiro fitou o moreno, mas logo voltou atenção ao telefonema, falou com o homem já conhecido antes, tivera de informar pouco a ele, e logo após desligar já esperava a chegada do médico.
- E agora?

- Agora me ajuda a ir pro quarto. - O moreno levantou-se, devagar.
Thor ajeitou-se lado a ele, parcialmente o abraçando pela cintura, levando-o vagarosamente ao caminho até o quarto. Loki seguiu junto dele, apoiando-se e suspirou, uma das mãos mantinha sobre a barriga e cessou os passos por um pequeno momento, deixando o gemido escapar, dolorido.
- Hum... Parece pesado.
O loiro resmungou em seu lugar e ao chegar no quarto, deitou-o na cama, devagar.
- E é... - Murmurou. - Ah...
- Ele vai chegar logo, não é longe daqui. Precisa de alguma coisa?
- Fique comigo...
O loiro assentiu e sentou-se ao lado dela, à beira da cama. Loki estendeu a mão, segurando a dele e suspirou.
- Você está bem? Quer água?
Loki assentiu e apertou a mão dele em meio a própria, não podendo conter o gemido dolorido que deixou os lábios.
- Ah! Thor...

Thor apertou suavemente a mão dele, retribuindo-o até que sua dor fosse esvaída. Levantou-se só então, buscando um jarro com água, evitando de precisar voltar até a cozinha e serviu num copo longo cristalino, preenchido com a água da mesma cor. Loki esperou que ele voltasse e aceitou a água, bebendo alguns longos goles e logo voltou a se deitar, ouvindo o barulho da porta, as batidas do médico já ali. O loiro deixou o copo acima do móvel e seguiu para o hall, aonde atendeu à porta, cedendo passagem ao médico.
- Olá, eu vim ver o Loki. Quanto tempo faz que ele entrou em trabalho de parto?
Disse o rapaz já a adentrar a casa, esperando a indicação do quarto.

O loiro indicou silenciosamente ao homem de meia idade.
- Não sei, começou a sentir dor pouco antes de eu te ligar.

- Hum, então não faz muito tempo.
Loki observou o médico a adentrar o quarto e suspirou, abrindo um pequeno sorriso em cumprimento, feliz com a ideia de que a dor iria parar logo.
- Boa noite, Loki. Vou aliviar um pouco a dor, ta bem?
O moreno assentiu rapidamente e ajeitou-se na cama, preparando-se para a anestesia ao observá-lo retirar a seringa da bolsa. O loiro c
aminhou após o médico, observando com espaço o irmão na cama, tentando não atrapalhar o procedimento.
Loki desviou o olhar ao irmão, procurando mantê-lo em vista a erguer a camiseta para a anestesia e fechou os olhos, unindo as sobrancelhas ao sentir a agulha espetar a pele. Thor sentou-se na cama, porém à beira, observando-o dos pés.
- Thor... Vem... Vem cá. - O menor estendeu a mão a ele.
- Vocês... Tem os nomes dos deuses. - O médico sorriu. - Que... Curioso.
O moreno desviou o olhar a ele e arqueou uma das sobrancelhas. Thor caminhou lado oposto ao médico e sentou-se ao lado do irmão.
- Hum, gosta de mitologia nórdica?

- Gosto, eu leio bastante no meu tempo livre.
Loki riu baixinho e abriu um sorriso maldoso nos lábios, como ele se sentiria se soubesse que daria a luz ao bebê dos verdadeiros deuses? Desviou o olhar ao outro e relaxou na cama, apesar de ainda sentir pouca dor e na ultima contração que sentiu, agarrou o lençol da cama, apertando-o e fechou os olhos com força, porém logo cessou e tentou soltar o lençol, porém o tinha colado à mão, congelado e uniu as sobrancelhas, mantendo a mão ali para não expor a ele ou ao outro.
- Eu também gosto. - Thor sorriu ao homem, gostou dele. E por um instante acariciou o moreno, diante de seu protesto dolorido. - Quando podemos começar?
- Acho que já podemos. Loki, ainda sentindo algo?
O moreno negativou a desviar o olhar ao abdômen.
- Está melhor...
Murmurou e sacudiu o lençol, tentando soltá-lo.

- Tem certeza? - Thor indagou diante dos movimentos do irmão.
- Tenho, tenho... - Parou e observou.
- Certo, vamos começar.
Loki desviou o olhar a ele, vendo-o retirar os instrumentos da bolsa.

- Eu faço o que? Fico aqui mesmo?
- Pode ficar ao lado dele, mas acho que não vai querer ver os cortes.
Thor assentiu ao homem e permaneceu junto do irmão, fitando-o em seu rosto.
O menor sorriu a ele, mesmo dolorido e manteve o olhar no rosto do irmão, perdido, distraído em sua face tão linda, e até si, não queria ver os cortes, os sentiu, sentiu toda a abertura feita no abdômen, mas não se virou, permaneceu a observá-lo e a apertar o lençol entre os dedos, era estranho os toques que sentia, o filho a ser retirado de si, mas não disse nada, suportou em silêncio, porém, o silencio fora quebrado com a exclamação do médico e desviou o olhar ao local.
- Meu deus...
- Thor...
O moreno falou ao outro, indicando a ele que seguisse até lá.

- Oi?
O loiro indagou ao moreno diante do comentário, tal como a voz do médico, perplexo. Loki o
bservou o médico e viu o médico se virar a carregar o bebê. Arqueou uma das sobrancelhas.
- Doutor... O que houve? O que aconteceu?
O menor falou e observou-o, porém recebeu apenas o silêncio.

- O que houve? - Thor indagou ao homem com a criança. - O que há, Loki?
- Ué, como eu vou saber?
Loki falou a ele a observar o doutor de costas, que se manteve em silêncio e parecia deslizar algo pelo bebê, supôs que estava o limpando usando os materiais deixados ali, e realmente era, fez todo o procedimento em silêncio, a cuidar do pequeno bebê e por fim virou-se, trazendo o bebê pequeno coberto pela roupinha já posta e o cobertor azul clarinho.
- É... É uma menina.
Ele uniu as sobrancelhas a pegar a própria filha, nem dando atenção ao fim do parto, os pontos dados pelo médico ainda atônito e puxou o cobertorzinho que cobria a pequena, observando-a em seu rostinho e só então entendeu o porque da exclamação do homem, a filha tinha a coloração de pele azul, exatamente a própria quando estava na forma original, imaginou como o médico se assustara ao vê-la. Uniu as sobrancelhas a observá-la e deslizou uma das mãos pelo rostinho dela, observando a pele mudar a cor com o próprio toque, tomando a coloração natural dos humanos e mesmo antes, a achou linda. Sorriu, porém desviou o olhar ao outro e uniu as sobrancelhas a ouvir o chorinho fraco da filha nos braços.

- Um gigante de gelo não pode ser herdeiro de Asgard... - Murmurou.
Thor sentiu-se tenso diante da pequenez que fora colocada em seus braços. Um misto de excitação e nervosismo fez com que ficasse parado por um tempo até finalmente se acomodar perto do irmão, e observar a criança, linda, como ele, um azul frio, linda como a cor verdadeira dele. Sentiu um leve trepidar do corpo, e embora estivesse em silêncio, sentia-se em erupção por dentro. Cerrou os dentes com força, e encarou a pequenina.
- Meu bebê, minha criança. O que é meu é dela, Loki.
Franziu o cenho, um sorriso singelo, morno, mas carregado. E certamente os olhos azuis estavam com um brilho fora do comum.

O menor assentiu ao ouvi-lo e o último ponto da cirurgia despertou a si, desviando o olhar ao médico, que já guardava as coisas e com passos rápidos deixou o quarto. Desviou o olhar a ele logo após e sorriu, sem mostrar os dentes, estava exausto, mas vê-lo feliz deixava a si feliz.
- Quer segurar?

Thor assentiu, e voltou-se a filha, pegando-a sem rodeios, confortando-a nos braços tão maiores que sua fragilidade. O moreno desviou o olhar a ele e sorriu novamente, mostrando os dentes agora e ajeitou-se, deitando-se na cama.
- Ele... O médico nem me disse como cuidar de você desse jeito...
O loiro disse, embora não conseguisse tirar os olhos deslumbrados da menina.

- Tudo bem... Assustamos ele.
- Mas...? Vou ver na internet.
- Aprendeu a mexer?
- Sim, ficar em casa sem nada pra fazer. Tem coisas boas. Podemos assistir filmes juntos.
- Ta bem. - Sorriu. - Thor... E se... E se Odin nos tomar ela?
- Não fará, ele não está mais dando atenção a nós e mesmo que estivesse, não deixarei.
- Como vamos chamá-la?
- Hum... Difícil. Ela é tão linda.
- Hum... Não conheço muito nomes humanos.
- Não deve ser humano. Que tal Hera? Já existe alguém com esse nome?
- Hum... Muito comum.
- Hel? Hela?
- Esse eu gostei. - O moreno sorriu.
- Qual deles?
- Hela.
- Hela. - Thor sorriu, sussurrou e acariciou o rostinho da pequena.
- Logo vamos poder passar a noite juntos, hum.
Loki murmurou e sorriu, porém ouviu o choro da filha, agudo, aparentemente estava com fome.

- Não quer o papai? - O loiro indagou a pequenina, mesmo sem ter a resposta.
- Acho que ela está com fome. - Riu.
- E agora?
- Tem que... Esquentar o leite...
- E por na garrafinha, hum?
- Isso, na mamadeira. Quer deixar ela comigo enquanto isso?
- É melhor... Embora...   Não quero.
- O que? - Riu.
- Ela é tão pequena, tão minha.
- É nossa, não esqueça que ficou dentro de mim nove meses. - Riu.
- Eu coloquei. - Thor sorriu e colocou a pequenina nos braços do moreno. - Já venho.
Loki sorriu a ele.
- Acho que estou com problemas, isso me deu uns arrepios porque lembrei de como colocou.
Riu e segurou a filha tão pequena, acalmando-a nos braços.

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