Kyo e Shinya #37


Shinya observou a empregada na cozinha, a qual se despediu já a sair da casa, estava em horário de folga e já era tarde. Observou a cozinha, a casa tão silenciosa como sempre, e já podia ver o sol se por, seria até meio sombrio visto daquele modo. Pegou o pó de café no armário e ferveu a água a preparar o café do outro, adoçando-o, não muito, sabia que ele não gostava e suspirou a retirar o maço de cigarros do bolso, pegando o isqueiro sobre o móvel da sala e seguiu ao quarto com a xícara de café quente, deixando-a ao lado da cama junto dos cigarros. Abaixou-se a lhe beijar a face, observando-o no sono que parecia ser pesado, apenas assim pôde sentir o frio no local, estava realmente frio ali dentro, o ar condicionado devia ter ficado ligado talvez o dia todo. Deixou-o ligado apenas e puxou o edredom a cobri-lo, notando a pele arrepiada do outro. Levantou-se a seguir ao banheiro e observou o local a lavar as mãos que cheiravam café, desviando o olhar a banheira a qual seguiu, e teria virado-se a sair do quarto, mas parou ao ver o pequeno pedaço de metal no local.
- Ah... Kyo.
Resmungou, esticando-se a 
pegar a lâmina que jogou no lixo do banheiro e estreitou os olhos, virando-se a voltar ao quarto.
O barulho no quarto perturbou o sono do vocalista, tal como o cheiro que instalou pelas narinas. O peso pouco sentiu sob o físico semi desnudo, trajava apenas as roupas inferiores. Não foi necessário muito a que desperto, o barulho vindo do banheiro, maldita empregada; pensou e por fim o pouco que se virou pôde ver resquícios de um físico mais alto e nada feminino. O corpo de baixa estatura virou vagarosamente à beirar a cama sentado; observou o outro que ainda no banheiro, vindo de barulhos de seus passos ou atos no cômodo de banho.
Ao voltar ao quarto, Shinya observou o outro já acordado e suspirou.
- Oi... A Kasumi já foi embora, quer comer alguma coisa?

Kyo negativou silencioso e apenas aceitou o café deixado ao lado após encarar a xícara e levá-la aos lábios, golando.
- Não tem muito açúcar... Sei que gosta assim.
O maior caminhou a se sentar ao lado dele.

- Tudo bem, está ótimo assim.
- Hai... Você está bem?
- Sim, por que a pergunta?
- Achei uma lâmina no banheiro.
- Sou homem, tenho barba.
- Você entendeu.
- Estou falando dela mesmo.
- Kyo, é pra isso que existe lâmina de barbear, não daquelas que eu achei.
O menor virou-se a encará-lo.
- Me prometeu que não iria fazer mais isso.
- Não fiz nada.
- Não quero ver você no hospital de novo, Kyo. Eu não quero... Eu te amo.
O menor o encarou visto que já selados os lábios, minuto depois no sutil rouco tom de voz, baixo pelo recém acordar, retribuiu-o no seu dito.
- Boku mo.

Shinya observou-o por um pequeno tempo após a resposta e sorriu, levando uma das mãos a face do outro a lhe fazer uma leve caricia.
- Parece estranho hoje.
O maior negativou.
- Senti saudade.

Kyo buscou o cigarro deixado ao lado da cama, acima da baixa cômoda, ou talvez criado-mudo e o acendeu, tragando.
- Normalmente não ousa mencionar as coisas que faço, hoje comentou.

- Estou preocupado... Você fica aqui enfurnado o dia todo. Devíamos sair pra fazer alguma coisa. Não se lembra? Íamos ao bar, nadávamos... Era divertido. Está calor, devia sair desse quarto frio.
- Eu gosto de ficar aqui, e não fico enfurnado, eu trabalho também.Se
- Sente minha falta?
- Por que essas perguntas? Está carente por acaso?
- Um pouco...
- Por quê? Você não veio antes porque não quis.
- Não consegui vir antes. Eu liguei, por que não atendeu o telefone?
- Não conseguiu por que?
- Eu estava trabalhando.
- Trabalha o dia inteiro?
- Não, mas não atendeu o telefone. Achei que não estivesse.
- Não faz diferença passar na volta do serviço.
- Você reclama de mim.. Por que não foi me procurar?
- Nunca tive o costume de ir até sua casa.
- Ah...
- Você devia ficar por aqui.
- Hum? Ficar por qui?
- Você entendeu, Shinya.
- Diz... Morar com você?
Kyo afirmou num maneio de face enquanto dava mais um trago no cigarro já com menos de sua metade.
- Sério? - Sorriu. - Posso vir morar contigo?
- Se eu sugeri.
Shinya sorriu novamente.
- Ta bem.

- Vai vir?
- Claro!
- Calma...
- Desculpe... - Riu. - Podemos deitar um pouco. Não precisamos fazer nada, só... Ficar juntos.
Kyo direcionou uma das mãos à cama, apenas indicando-a ao outro a que desse permissão de se deitar. Shinya assentiu e ajeitou-se sobre a cama do maior, retirando os sapatos a deitar-se abaixo do edredom. O menor apagou o cigarro no cinzeiro lado igualmente da cama e ajeitou-se, sem se cobrir. O baterista desviou o olhar ao outro e sorriu a aproximar-se dele.
- Sono? - Kyo indagou meio ao próprio bocejo.
- Mas você acabou de acordar...
- Estou perguntando pra você.
- Um pouquinho...
- Então descanse.
- Mas... Não quero dormir. Eu estou bem animado.
- Hum... Casa nova.
- Hai. - Sorriu.
- Veremos como nos saímos.
- Espero que bem... Porque... Eu quero ficar com você aqui sempre.
- Opinião muda conforme o tempo.
- Não seja pessimista.
- Não sou.
- Vamos nos dar bem.
- Se você não agir feito uma mãe, eu suponho que sim.
- Não ajo jeito sua mãe... Eu só me preocupo.
- Antes prevenir.
- Eu só quero que não se corte mais... Veja, eu trouxe cigarros, eu fiz café. Eu só me incomodo com isso, porque não quero que se machuque. Sabe... Podemos tomar banho juntos de banheira? Relaxamos um pouco...
- Não estou me cortando, mãe. Já nós vamos lá.
- Tudo bem ne...
O maior sorriu, e bem, pelo menos assim estava mais tranquilo, agora poderia ficar com ele mais tempo, já que moravam juntos.

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