Yuuki e Kazuto #46


O menor adentrou o local carregando consigo a taça de sangue e vinho que bebeu um gole e observou o outro, deitado na cama, de olhos fechados, ainda usava as roupas de serviço então certamente havia acabado de chegar. Sorriu apenas e deixou a taça ao lado da cama.

- Okaeri. - Abaixou-se e lhe selou os lábios.
Yuuki abriu os olhos apenas quando recebeu o toque labial, seguido de seu cumprimento. Não que já não houvesse descoberto sua presença antes, tal como cheiro exalado da bebida no copo do lado, que não se manifestou a pegar. Kazuto sorriu ao vê-lo abrir os olhos.
- Como foi o dia?

- Mesma coisa de sempre. - Yuuki direcionou as vistas ao outro.
- Hum... Está cansado?
- Um pouco. Por quê?
- Podíamos sair pra... Pra caçar.
- Agora ainda é cedo pra isso.
- Podemos ir daqui a pouco?
- Qual é a pressa?
- Só quero saber, ora. Quer tomar um banho?
- Já eu vou. - O maior bocejou mesmo que não houvesse muito sono.Kazuto sorriu e lhe selou os lábios novamente.
- Vou preparar o seu banho.
- Não precisa preparar nada, vou só tomar uma ducha.
- Ah... Hai.
- É, pode relaxar aí.
- Okay... - O menor deitou-se ao lado do outro, observando-o.
- Está todo tenso aí por quê?
- Não... É que fiquei esperando você chegar ne.
- Por quê? Está querendo sair é só ir.
- Quero ir com você.
- Hum... Como sempre.
- Hai... Então... Já que temos um tempinho...
O menor abaixou-se em frente ao outro e ergueu sutilmente a camisa que ele usava, beijando-lhe o abdômen e ambas as mãos abriram o zíper da calça, deslizando uma das mesmas pela lateral da perna do outro, descoberta, roçando as unhas pelo local. 
Yuuki guiou a direção dos orbes diante dos atos do garoto, enquanto sentia as investidas manuais e o toque de seus lábios contra o abdome.
- Que porra você tem, moleque?
Kazuto uniu as sobrancelhas, observando-o.
- Só quero ficar perto de você...

- Está todo elétrico.
- Só porque quero transar...?
- "Vamos caçar, vamos logo, vem tomar banho, vou preparar seu banho, temos tempo, vamos transar".
- Só senti sua falta...
- Só estive fora no período da manhã e parte da tarde.
- Mas...
- Tem fetiche por roupas assim, ah?
- N-Não...
- Uh.
- Mas... São bonitas.
- Você tem mau gosto.
- Por quê?
- Porque isso não é bonito.
- Mas você usa...
- Porque eu trabalho, ora.
- Mas não gosta das roupas que usa no trabalho?
- Já me viu usando roupas assim no cotidiano?
- Não... São extravagantes demais.
- Então, é porque eu não gosto. Algumas menos chamativas eu até gosto, a do the end of delusion, que é uma vinho, aquela eu gosto.
- Ah sim... Então...
- Uh?
- Posso continuar?
- Vou tomar banho.
- M-Mas...
Ambas as mãos do maior se dirigiram ao garoto e levou seu corpo tão leve ao lado a se levantar logo a seguir, afim de livrar-se daquelas roupas. O pequeno uniu as sobrancelhas.- Yuuki...
Yuuki retirou o casaco que postou num dos cabides dentro do guarda-roupas e logo por vezes as calças que mais pareciam dois pedaços de pano inacabados.
- O que?

- Não quer transar...?
- Você precisa mesmo fazer essa pergunta?
O maior indagou ao caminho que traçou ao banheiro, já sem roupa íntima; já que não a usava com a roupa recém tirada do corpo. Kazuto s
uspirou e deitou-se na cama.
- Ta bem... Ta bem.

O som da água no encontro ao solo denunciava o início do banho do vampiro. Sentia a água sem temperatura banhar o longo físico desnudo, massageando a cabeça que logo perdeu o volume dos cabelos antes fixos com algum penteado. Kazuto fechou os olhos e permaneceu do mesmo modo, ouvindo o barulho do chuveiro e esperava pacientemente o outro terminar o banho.
Mesmo no fim da higiene, Yuuki deu continuidade ao banho. De olhos fechados continuou sentindo os rastros da água descendo mesmo no rosto. De alguma forma tudo havia se tornado muito diferente dentro de dois anos, pensava inconsciente de tal devaneio. O menor virou-se para a comoda, observando o relógio e uniu as sobrancelhas.
- Yuuki... Está demorando.

O maior já convivia com a insistência daquele garoto, ou homem, se por assim dizer, afinal, mesmo em sua pouca altura, ainda era um homem crescido de idade, mesmo em sua aparência que se fazia deplorável somente na própria presença. Tinha traços físicos e feições masculinas, mesmo que parecesse sempre uma criança em seu comportamento para consigo, e deu-se conta de que em dois anos ele já tinha vinte e dois, já não mais vinte quanto tinha quando o conheceu, e nem sequer sabia quando foi seu aniversário, não que se preocupasse com tal data tão superficial, ainda mais agora que também era um vampiro.
Kazuto virou-se novamente, já incomodado e abraçou o travesseiro do maior, aspirando o aroma dele no local, aquele perfume tão gostoso e apenas fechou os olhos, esperando, já com a pouca paciência que restava.
Os dedos do maior foram ao rosto, tirando a franja longa que cobria um dos olhos defronte a ele. Continuou no banho, estava bom ali. Não mais tinha um pensamento em branco, nem mesmo as noites vermelhas como chamava a caça, o uso de outros corpos para fartar-se com bel-prazer, nem ao menos se recordava qual foi a última vez em dois anos em que viu ou foi a boate do irmão, e nem se importava afinal, de alguma forma adquirira um limite aos atos e sequer tinha tomado essa atitude por si só, apenas tinha em consciência inconsciente de que não poderia transar com outra ali, ou morder outra pessoa se não fosse por simples sede e sangue de vampiro não era suficiente. Desde quando havia se tornado assim? Ponderou sem resposta exata, tal como o recente acontecido no quarto, odiava toques inesperados, odiava liberdade alheia com qualquer contato que fosse e mesmo minutos atrás, o garoto havia feito isso, e o contrário de como agia, sequer o tinha empurrado. Descerrou enfim as pálpebras, sem ainda deixar o banho.
O menor levantou-se e caminhou até o armário, pegando algumas peças de roupa do maior, algumas roupas que achou que ele gostaria de vestir e se dirigiu ao banheiro, parado em frente a porta por alguns segundos e logo bateu, adentrando o local e o observou.
- Eu...Tomei a liberdade de escolher algumas roupas pra você. - Deixou sobre a toalha do outro e sorriu. - Não demore, ne.

- Kazuto, não fique agindo como se fosse minha mulher ou minha empregada.
- Mas eu só quero ajudar.
- Não importa, não fique fazendo isso.
- Ta bem...
- Daqui a pouco vou acordar com uma pessoa amarrada na minha cama. "Yuuki, seu jantar".
- Não, isso não, eu traria o sangue, só eu posso ficar amarrado na sua cama.
Yuuki arqueou uma das sobrancelhas diante do comentário.
- Mas é verdade.
- Pff...
O maior negativou apenas e se voltou ao banho, continuando ali.

- Ora, você gosta de me machucar.
- Não fale como se eu fosse seu, isso me irrita.
- Você é.
- Não sou.
- Somos namorados.
- Não sou seu.
- Ahn... Ok... Vou te esperar no quarto.
Yuuki desligou o chuveiro, puxou a toalha de banho após a saída do box e secou o corpo em tateados breves ao caminho que seguiu a quebrar distância do garoto e deixar a toalha cair no chão, quando enfim já lhe tinha o rosto entre os dedos e segurava-o firme por seu maxilar.
- Você me irrita tão fácil, principalmente quando age tão convencido de si.

O menor uniu as sobrancelhas, observando-o e encolheu-se.
- Se eu... Fosse tão seguro assim... Não teria medo de perder você.

- Se não é então não aja como tal, a casa é minha, a cama é minha, eu sempre fui dono do meu próprio nariz, então não aja como se fosse dono disso também, não diga que sou seu, um título aderido como namorado, não faz de mim algo seu como se fosse uma propriedade. Faz?
Kazuto permaneceu a observá-lo e as lágrimas escorreram pela face ao ouvi-lo, assustado, apenas negativou.
- Que eu saiba não somos casados.
- Mas podíamos.
- Uh...
O borrifo de ar vindo das narinas do maior denotou um possível riso ali. Soltou-lhe o queixo e virou-se a seguir até o quarto, e o riso já era evidente em tom.

- Estamos juntos há dois anos.
- E daí?
- Dois anos é muito tempo... Eu não me importo se você me bate, rasga minhas roupas, arranca pedaços de mim, me arranha, tenta me matar... Eu te amo.
- Oh, claro. Quer um vestido de noiva também? Que tal alianças de noivado, outra de casório. Um casamento, lua-de-mel. Ah, filhos também. Claro, claro. Não.
- Por que não?
- Não vou nem responder.
- Eu não me importaria em ter filhos.
- Não vem.
- Seriam todos com os cabelos loiros, olhinhos amarelos e vermelhos igual os do pai.
- ...
- Seriam lindos. - Sorriu.
- Nós podíamos colocar eles em jardim de infância, sugar todas as crianças ao redor.
- Acho justo. Mas... Eles não vão poder sair de dia.
Yuuki negativou e jogou na cama as roupas já pegas pelo outro, em busca da peça de baixo que vestiu logo e passou a se trajar. O menor sentou-se na cama ao lado do outro, observando-o e sorriu.
- O que?
- Nada.
- Não adianta, se quiser filhos vai ter que procurar outro por aí.
O sorriso sumiu da face do menor e assentiu apenas.
- Ta bem, sem filhos.
- Fácil.
- Hai.
- E espero que não invente de aparecer grávido por acidente, como de repente virou vampiro.
- Ta bem... Podemos ir?
- Quem vê pensa que não bebe nada há vários dias.
- Eu só quero ir.
Yuuki levantou-se e seguiu fronte ao espelho, ajeitando o cabelo ainda úmido. Kazuto observou o outro apenas, esperando-o e levantou-se.
Em uso o aparelho secador, Yuuki nem mesmo sentia seu jato de quente ar, secando o cabelo afim de não deixa-los secarem sozinhos no vento da rua. Ajeitou os fios mesmo com os dedos sem muito empenho, voltou-se ao outro.
- Pronto, hum?
O maior o observou instantes antes de levantar a mão em sua direção e o puxar através de sua gola na camisa, noutro dos braços que deu o enlace de sua cintura.
- Por que fica sempre com essa cara depressiva?
Dito em um espaço de tempo sem que obteve neste, uma resposta, apenas o beijou na brusquidão típica, ligeira. 
Kazuto uniu as sobrancelhas ao ouvi-lo e sem responder lhe retribuiu o beijo, levando uma das mãos sobre o ombro do maior e a outra sobre a face, acariciando-o.A mão, o maior levou a demais, tirando-a do rosto, enquanto a boca continuava o frenético movimento na junção da língua que se movia vigorosa. O menor abaixou a mão e pousou-a sobre o ombro dele igualmente, retribuindo o beijo da mesma forma, tentando seguir o ritmo do maior. Um estalo se fez ao fim do beijo e Yuuki soltou o garoto onde as mãos o tocavam.
- Hum? - Kazuto uniu as sobrancelhas.
- O que?
- Porque parou?
- Queria que eu ficasse te beijando?
- Sim...
- Uh, não queria sair, ah?
- Ah... Hai. Vamos. - Riu. - Esqueci.
Yuuki encaminhou-se em direção a saída do quarto e após a passagem na sala que deu vista do corredor. O menor saiu junto do outro do local com um pequeno sorriso nos lábios.
- Posso segurar sua mão?

Yuuki se voltou a fita-lo e manteve o silêncio no caminho que seguiu.
- Você é tão sem noção.

- Ta bem, isso é um não. - Kazuto adentrou o elevador e apertou o botão do térreo.
- Por que segurar minha mão enquanto anda?
- Porque eu gosto...
Após a saída do cubículo de metal, Yuuki saiu pela recepção do edifício em caminho a saída dele. No céu azul escuro, as estrelas indicavam o início da noite, o movimento da cidade barulhenta com carros que seguiriam assim até a meia noite e caminhou, puxou sua mão de modo que não era nada romântico, mas ainda assim a estava segurando. Kazuto abriu um pequeno sorriso, segurando a mão do outro e entrelaçou os dedos aos dele.
- Vamos pelo parque...
- Hum... Deve ter algum casal por lá.
- Hai. - Sorriu.
- Até quando sorri você parece depressivo.
- Pare, não é tão assim...
- É assim.
- Tsc...
O menor suspirou e caminhou junto do outro até o parque próximo do local, adentrando-o e já sentia o perfume das flores.

Yuuki encaminhou-se até a região inundada pelo verde que o solo revestia, adornada por cores dentre outras flores ou árvores num parque natural. A longe podia-se ver o casal, homem e mulher, típicos japoneses sem muitos atrativos e o negro de seus cabelos quase os camuflavam na noite se não fosse pela pouca claridade vinda dos postes de luz.
- Hey... Antes de atacar... Vamos passear um pouco. - O menor murmurou e puxou-o para si com cuidado, selando-lhe os lábios. - Por favor.
Ao que se voltou a ser puxado, Yuuki rosnou na exposição sutil dos dentes, fosse o fato de estar prestes a seguir o caminho até o despercebido casal e mediante ao comentário lhe estreitou as pálpebras.
- Passear? - Indagou e seguiu com a mão ao meio das pernas alheias, lhe apertando o membro. - Quase fui enganado, achei que de repente havia algo que não era um pau aqui, mocinha.

O menor gemeu baixinho ao sentir o aperto e uniu as sobrancelhas.
- Só um pouquinho...

- Tanto faz. Já que se empenhou tanto em tentar me enganar pra vir até aqui.
- Jura? - Sorriu.
- Não.
Kazuto fez bico e puxou-o consigo, caminhando pelo local. Yuuki seguiu ao ser puxado, continuando o caminho. O menor passeou pelo local junto do outro, apreciando o aroma das flores e aproximou-se de um dos bancos, sentando-se.
Yuuki caminhou apenas e sentou-se quando encontrado um assento. O box de cigarros pegou no bolso e um deles dirigiu aos lábios o acendendo com o zippo prateado, tragando a levar a caixa de nicotina novamente ao bolso.
O menor desviou os olhos ao outro, abrindo um pequeno sorriso e aproximou-se, repousando a face sobre o ombro dele. O maior continuou na monotonia do lugar enquanto o único empenho era direcionar o cigarro a boca e sugar-lhe a fumaça.
Kazuto ergueu uma das mãos a pedido do cigarro e a outra lhe segurou a mão livre, entrelaçando os dedos aos dele. Yuuki tragou uma ultima vez o cigarro e entregou ao outro, que pegou e levou aos lábios, tragando-o algumas vezes e logo entregou ao maior.
- Obrigado.

- Pode jogar fora.
- Por quê?
- Não quero mais.
- Hai. - Kazuto jogou o cigarro a frente e fechou os olhos, permanecendo por um pequeno tempo, apreciando o clima ao lado do outro. - Yuuki... Me diga a verdade... Por que não podemos casar?
- Porque eu não quero.
- Por que não quer?
- Não tenho interesse.
- Mas não quer ficar comigo pra sempre...?
- Ah Kazuto, chega desse assunto, não quero casar e pronto.
O menor assentiu e lhe soltou a mão, deslizando a própria pela perna dele numa leve caricia.
- Você parece uma garota cheia de fantasias.
- Iie... Eu... Eu não sou.
- Não disse que é, mas parece.
- Você... Está com fome?
- Não muito.
- Vamos caçar então... Você está enjoado do meu sangue,
- Na verdade sangue de vampiro não sustenta vampiro.
- Hai, eu sei...
- Não adianta beber sangue morto, tem de ser vívido, cálido. Por que não vai lá pegar aquele casal, ah?
- Eu não estou com fome... Quer eu procure alguém pra você?
- Não, como disse, não sinto muita fome.
- Ok... - Sentou-se. - Quer ir a algum bar?
- Para que?
- Pra fazer alguma coisa...
- A menos que queira fazer o mesmo que está fazendo aqui, mas ao meio de o monte de pessoas. Porque certamente não vai querer se atracar com alguma vampira ou mesmo vampiro por lá, não vai beber nada, não vai dançar, então...
- Não quer dançar comigo, hum?
- Não.
- Beber algo?
- Ora, não era no parque que você queria vir?
- Eu só... Ta bem. - Sentou-se ao lado dele.
- Você o que?
- Eu... Quero chorar.
- ... O que?
- Só isso...
- Chore.
O menor aproximou-se do outro, repousando a face sobre o ombro dele e deixou que as lágrimas escorressem pela face, silencioso e era assim que sentia todas as vezes que tentava investir contra ele e era tratado daquele modo, um empecilho. Yuuki não entendeu, mas apenas continuou parado, submerso a imagem sem ponto fixo da vista que tinha em frente aos olhos. Kazuto segurou uma das mãos do outro e apertou-a entre a própria.
- O que foi?
- Nada.
- Tá.

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