Suzuko e Miyuki #1

Aviso
Essa história foi descontinuada, ou seja, não temos previsão de novos capítulos, mas esse fato não prejudica nem deixa a história com mistérios não resolvidos, prometemos que ainda será uma boa leitura.


A professora sentou-se a mesa mesmo que os alunos ainda não estivessem em sala. Folheou na listagem de chamada os nomes, decorando os números e ordem, metódica. Não era uma turma muito grande, por sorte e quando finalmente revisou o material sobre a mesa, olhou o horário no relógio de pulso. Tinha pelo menos dez minutos até a chegada dos estudantes, e nesse meio tempo até pegou um livro, fazendo leitura. Usava uma camisa preta, com dois botões iniciais abertos, tinha um colete da mesma cor por cima, aberto e a calça completava com o mesmo tom, tudo escuro.

Miyuki suspirou a observar o horário no relógio, já deveria estar indo para a sala, mas o fluxo de alunos no corredor era muito grande, os cabelos eram compridos e loiros, e a franja comprida era presa de lado com uma presilha em forma de lacinho. O uniforme estava bem alinhado no corpo, os botões todos colocados no lugar e a saia não era nem curta demais, nem comprida como a das garotas da escola, usava uma meia até as coxas e o sapatinho colegial. Ao entrar na sala, sentou-se logo na frente como de costume e retirou os materiais da mochila, deixando-os sobre a mesa.
- Bom dia, sensei.

Suzuko observou a última linha na página, e até mesmo não percebeu a entrada da aluna. Ouviu de longe um bom dia o qual não deu atenção realmente, visto que distraída, lembrou-se de dar atenção quando finalmente interrompeu.
- Uhn, bom dia. Você é a...?

- Miyuki.
A loirinha sorriu, prestativa com a nova professora, como de costume e como a mãe ensinava sempre a si e ajeitou os cadernos sobre a mesa.

- Ok, Miyuki. Esse uniformes são realmente expostos demais, não é?
Disse a professora, observando seu uniforme escolar, e que não era nem de longe o mais curto que havia visto desde a chegada ali. 

- Eh? - A menor murmurou a desviar o olhar para o próprio corpo, notando as curvas sutis e escondidas pela roupa, tinha seios grandes para a própria idade, mas muito bem escondidos. - ... Estou escandalosa?
- Esses uniformes são muito exagerados, mas não estou falando de você especialmente, mas sim de todos eles.
- Ah... É... Um pouco.
- Mas são bonitos. - Disse a mais velha, descansando o cotovelo sobre a mesa a observá-la. - Vou dar aula de química.
- E vamos no laboratório?
- A cada dois dias. Afinal, o que no ensino médio vocês podem aprender de química, uh? Nada muito avançado, a parte boa da química só quando resolverem estudar química na faculdade e estou aqui pra mostrar a vocês que é a matéria certa. O resto é chato.
Suzuko disse e deu-lhe um sorrisinho, brincando. Dada atenção aos demais alunos que começavam a preencher a sala.

- Entendi... - A loirinha riu baixinho. - Eu não gosto muito de química, na verdade, é minha pior matéria, eu queria ter ajuda, mas não conheço ninguém...
- Então teve professores ruins.
Disse a maior, mesmo com o fluxo de alunos já presentes e observou cada rosto. Tão logo deu início a chamada enquanto observava cada um, tentando ser breve em reconhecê-los por seus nomes. A loirinha e
sperou pacientemente até que o próprio nome fosse chamado e ergueu o braço em silêncio, observando-a. Suzuko levantou-se então e caminhou até a frente da mesa aonde se encostou, parcialmente. 
- Vou lecionar química pra vocês. Vou começar em base do que aprenderam no ano passado e aos poucos modificar pra algo um pouco mais interessante, já que não vão usar química em lugar nenhum, exceto se forem entrar na faculdade. Antes de tudo quero um breve resumo sobre vocês, nome, idade, algum hobby e matéria que gostam e o nível de inteligência em química.
Miyuki assentiu ao ouvi-la e pegou uma das folhas do caderno, anotando o indicado e respondeu um a um ao chegar na própria vez.
- Meu nome é Miyuki Hasegawa, tenho 16 anos e gosto de ler e tirar fotos... Sou modelo assim como a minha mãe, gosto de parques e lugares com bastante flores, não sei muito de química, meus professores não eram muito bons, mas mesmo assim, gostaria de aprender mais.
- Ok, Miyuki, e qual sua melhor matéria no colégio?
- ... Literatura.
- Certo. - Suzuko disse a ela, e deu atenção aos alunos com a continuidade da aula. - E por fim, alguém se lembra o que viram por último em química?
A menor não prestara atenção quando um dos alunos deu um breve resumo, a escola era boa, os alunos no geral costumavam se comportar e responder corretamente as questões, o que era bom para o andamento da aula, quanto a loirinha, sabia que tinha algumas distinções dos outros, fora criada por um pai e uma mãe, porém estava mais para duas mães, e tinha uma história um pouco confusa, mas amava a própria família e não admitia que fizessem alguma piada sobre eles.
- Obrigada.
Disse a professora e tão logo buscou algo a lecionar aos alunos, dando início a uma aula, passando um pouco fora da grade, mas retomando parcialmente o que aprendiam antes. Miyuki o
bservou atentamente o quadro enquanto ela passava a matéria, tentando entender o assunto, e escrevia poucas anotações, vez ou outra, somente o importante.
Suzuko levou duas horas até o fim da aula, dado o intervalo, dispensou-os enfim e sentou-se, comeu uma fruta. Deixou a sala após o término, e das revisões, trancando a classe. Transitou pelo corredor e após a passada para o café, no exterior do campus escolar, teve um minuto para o cigarro.
A loirinha sentou-se no refeitório logo ao fim da aula e abriu um pequeno sorriso ao ver a professora encostada na parede com o cigarro entre os dedos, era interessante vê-la, era uma mulher bonita, devia ser casada, perguntou-se apenas, se devia ao fato de que ela lembrava bastante o próprio pai, os cabelos negros e suavemente ondulados, mas é claro, uma versão feminina dele. Aproximou-se devagar, visto que era só ela que tinha de "conhecida" na escola e mostrou o saquinho com doces.
- Sensei, gostaria de um bolinho?

A maior voltou a direção visual ao ser indagada e sorriu, enquanto soprava pelos dentes cerrados a fumaça de odor mentolado.
- Uma modelo perto de uma fumante, e comendo doces?

- Eh? Ah, eu não engordo, posso comer quantos doces eu quiser.
- É, você é novinha ainda.
- Você quer um?
- Não, obrigada. Eu já comi alguma coisa. - Disse a mais velha, afastando suavemente o cigarro da menor.
- Ah, hai... - Miyuki murmurou e guardou os bolinhos na bolsa.
- Você não vai comer?
- Ah, iie, eu já comi um. - Sorriu.
- Hum... - Suzuko murmurou com os lábios ocupados pelo cigarro, que jogou no cinzeiro próximo de lá, ou melhor, uma lixeira. - Não devia ficar perto de mim, estava fumando.
- Não tem problema, como se as pessoas não fumassem na rua... Eu não tenho amigos e só falo com a senhora, mas se quiser eu posso sair...
- Senhora? - Disse ela, como a única coisa que sobressaiu a conversa.
- Hai... Senhorita?
- Sensei.
- Hai...
- Ou Suzuko. Não me importo que fique aqui.
- Hai sensei... Desculpe.
A maior deu de ombros e pegou o copo térmico com o café.
- Vou voltar pra sala, ainda tem cinco minutos de intervalo caso não queira ir agora.

- Eu posso ir com você?
- É claro.
- Ta bem então.
A maior seguiu pelo corredor, de volta para a sala de aula, que destravou a porta. Tomou o posto e deixou-a entrar igualmente.
- Fique a vontade.

Miyuki adentrou o local junto dela e deixou a mochila sobre a carteira, abrindo um pequeno sorrisinho enquanto se sentou na cadeira em frente a ela.
- Você... Você é casada, sensei?

- Iie. - Disse a maior a ela, e sua pergunta curiosa. Enquanto observava o livro acima da mesa, folheando algumas páginas e algumas anotações. - Pareço ter idade pra casório?
- Ah, iie... Mas nem as minhas mães.
- Já me chamou de senhora e agora pergunta se eu sou casada, devo parecer realmente uma mulher madura. - Disse, somente a provocando.- Quantos anos você tem, sensei?
- Vinte quatro.
- Hum... Você não parece mais velha, é que é muito bonita pra estar solteira. - Ela sorriu, tentando ser gentil.
- Hum, que gracinha. Gentileza. Mas se beleza é sinônimo de compromisso então você deveria estar namorando no patio na hora do intervalo.
- Iie... Eles me acham estranha.
- Por que achariam?
- Por causa da minha família... Mas eu tenho muito orgulho dela. Então não ligo.
- O que tem sua família?
- Eh? Ah, eu tenho duas mães. Na verdade, minha mãe... É meu pai e meu pai é minha mãe, é meio complicado... - Riu.
Suzuko segurava uma caneta de modo descontraído, e arqueou a sobrancelha sem entendê-la ao ouvi-la falar.
- Não deve ser por isso, hoje em dia é mais fácil você encontrar casais de semelhantes.

- É, eu sei, mas eles não gostam. - Falou baixinho e desviou o olhar.
- Aposto que é por algum outro motivo. Talvez por ser bonita, ou talvez por gostar de falar com professores ao invés de caçar coisas banais pra conversar. Meus pais são ambos homens, por sinal.
- Iie... Mas eu também não falo com eles. - Riu baixinho. - É que eles já me falaram que era por isso e já implicaram comigo quando eu era pequena. São? - Sorriu. - Mesmo? O meu pai foi quem ficou grávido de mim. Ele se veste de mulher... Eu não sei bem o nome disso... Mas ele é lindo que nem você, sensei.
- Mas certamente algum deles deve ter os pais do mesmo modo, você só não encontrou bons amigos. Ah é? Espero conhecê-lo numa reunião, quem sabe.
- Hai... - A menor sorriu. - Eu não achei...
- Vai achar. Está há quanto tempo nesse colégio?
- Um ano.
- É recente.
- Hai... Mas eu perdi a esperança.
- Bem, não precisa de ninguém.
- Sei que não, meu pai me dá alguns livros, gosto muito deles.
- Ler é sempre bom.
- Hai, vi que você gosta.
- Gosto. - Suzuko disse e sorriu a ela. - Literatura ou até mesmo os de estudo cientifico. Os didáticos.
- Hum... - Sorriu. - Ah, sensei, eu posso sair antes hoje? Tenho ensaio.
- Sim, pode ir.
- Hai, obrigada. Eu só não gosto de biquíni, mas..
- Você tem idade pra tirar foto de biquíni?
- Ah, meus pais autorizam...
- Hum, liberais.
- Um pouco.
- Você pode ir então.
- Hai... Até amanhã, sensei. - Sorriu. - Vou trazer algum docinho pra você.
- Eu gosto dos ácidos.
- Hai, limão?
- Maracujá, tangerina, kiwi.
- Hum, tangerina. - Sorriu.
- É bom, hum?
- Muito! - A menor levantou-se e sorriu a ela, fazendo uma sutil reverência. - Até amanhã sensei.

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